Segundo o Banco Central do Brasil, 65 milhões de clientes já compartilharam seus dados graças ao Open Finance. O mesmo comunicado traz ainda que em 5 anos o sistema movimenta cerca de R$1,2 bilhão por mês em pagamentos no Brasil.

Com isso, não temos mais dúvidas: o Open Finance, que chegou para ampliar o alcance do Open Banking, redefiniu completamente como lidamos com serviços financeiros, desde pagamentos e conta corrente até seguros, investimentos e crédito.

A seguir, entenda como bancos, fintechs e demais empresas podem oferecer serviços mais competitivos, personalizados e transparentes. Descubra o que é Open Finance, como funciona, principais vantagens e desvantagens, aplicações práticas e como empresas podem se beneficiar dessa inovação.

O que é Open Finance e para que serve

Open Finance é uma forma de tornar o mercado financeiro mais aberto. Também chamado de Sistema Financeiro Aberto, ele permite o compartilhamento de dados financeiros entre diferentes instituições, desde que com o consentimento do cliente.

A proposta é ampliar o ecossistema: além dos bancos, fintechs, corretoras, seguradoras e outras organizações passam a oferecer produtos e serviços financeiros sob regras comuns de segurança e interoperabilidade. Isso possibilita ao consumidor comparar opções em tempo real e contratar soluções mais adequadas ao seu perfil.

Na prática, o modelo coloca o cliente no centro das decisões financeiras. Enquanto consumidores ganham poder de escolha e acesso a serviços personalizados, as instituições têm a oportunidade de criar ofertas mais competitivas e alinhadas às necessidades individuais.

E qual é a diferença entre open finance e open banking?

Enquanto o Open Banking busca mudar a maneira como o sistema bancário funciona, impactando diretamente bancos e fintechs, o Open Finance amplia essa mudança para todo o sistema financeiro. Portanto, o Open Finance  é uma evolução do Open Banking.

Na prática, o cliente, que até então não tinha decisão sobre seus dados, se torna dono deles e, com a regulação, passa a poder movimentar suas contas a partir de diferentes plataformas (e não só pelo aplicativo ou pelo site do banco).

Isso permite que todo o sistema seja mais transparente e competitivo, com instituições financeiras se concentrando em suas operações principais e outras empresas tendo acesso às suas interfaces para desenvolver outros produtos baseados nelas, usando API.

A fim de esclarecer, as APIs são um conjunto de padrões de programações que possibilita que sistemas diferentes interajam entre si. Então, empresas de tecnologia podem criar outras aplicações e serviços para funcionarem em conjunto com os dados fornecidos pelas instituições financeiras.

Dessa forma, empresas podem integrar sistemas, compartilhar dados e realizar transações seguras e automatizadas.

Como funciona o Open Finance na prática

No sistema Open Finance, todas as pessoas que forem titulares de contas, sejam empresas ou pessoas físicas, possuem o poder de direcionar os dados que estão sendo compartilhados pelas instituições financeiras.

Ao terem o direito de compartilhar informações com quem desejar, os usuários têm acesso a propostas de várias instituições e produtos financeiros. É como se fosse uma grande galeria de lojas na qual o cliente pode visualizar diferentes opções e escolher aquela que mais atende às suas necessidades.

Contudo, entenda que open finance não é um site, nem uma plataforma ou aplicativo. Trata-se de uma padronização tecnológica na qual bancos, fintechs, corretoras, plataformas de investimentos, entre outras instituições financeiras, compartilham dados em um mesmo local.

Para que o serviço seja oferecido, o cliente deve consentir e os dados precisam estar disponíveis. Nesse sentido, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) vem como uma regulação complementar.

O consentimento relacionado aos dados financeiros deve ser claro, bem definido e o cliente pode revogá-lo quando quiser.

Principais vantagens e desvantagens do Open Finance

O Open Finance traz uma série de benefícios que transformam a forma como consumidores e instituições se relacionam com o mercado financeiro:

  • Criação de novos modelos de negócio: como as instituições financeiras têm acesso, de forma segura e autorizada, a dados e históricos de clientes, conseguem compreender melhor o perfil de cada pessoa. Isso abre espaço para recomendações mais inteligentes, como sugestões de investimentos e seguros adequados a cada necessidade, além da possibilidade de desenvolver soluções inovadoras e personalizadas.
  • Inclusão de segmentos desassistidos: as instituições conseguem oferecer crédito e outros produtos de maneira mais justa, ampliando o alcance da inclusão financeira no país.
  • Consumidor no centro da jornada financeira: é o cliente quem decide se, quando e quais dados deseja compartilhar. Essa autonomia garante que os serviços contratados estejam mais alinhados às suas reais necessidades, colocando-o em posição de protagonista.
  • Mais transparência: ao facilitar a comparação de produtos e serviços entre diferentes instituições, o Open Finance torna o mercado mais competitivo e a relação entre clientes e empresas mais equilibrada.
  • Portabilidade de relacionamento entre instituições: com o Open Finance, o histórico acompanha o cliente, permitindo que ele troque de instituição com liberdade e mantenha o acesso a condições competitivas.

Mas apesar dessas vantagens, também existem desafios e desvantagens a serem considerados:

  • Complexidade técnica de implementação: nem todas as instituições possuem infraestrutura pronta para integrar e gerenciar dados via APIs padronizadas. Isso pode gerar custos adicionais.
  • Segurança da informação: embora o sistema seja regulado e conte com padrões avançados de proteção, ainda há riscos de vazamento ou uso indevido de dados caso as boas práticas não sejam seguidas à risca.
  • Adesão dos consumidores: muitos ainda têm receio em compartilhar dados financeiros, o que exige campanhas educativas e esforços de comunicação para criar confiança.

Open Finance API: importância na integração de dados para desenvolvedores

Para os desenvolvedores, o Open Finance no Brasil vai além de uma mudança regulatória. Ele consolida um padrão de integração via APIs que garante interoperabilidade e segurança entre as instituições.

Essas APIs seguem especificações técnicas definidas pelo ecossistema regulado, baseadas em protocolos internacionais como OAuth 2.0 e OpenID Connect, reforçados pelo perfil de segurança FAPI (Financial-grade API).

Aliás, o próprio regulador brasileiro exige que todas as instituições participantes implementem o perfil FAPI Brasil, uma extensão das normas internacionais adaptada ao contexto nacional.

A documentação técnica também reforça que esses padrões de autenticação e segurança são obrigatórios para todas as instituições participantes, assegurando que a comunicação entre sistemas seja feita de forma padronizada e confiável.

Isso significa que quem desenvolve soluções para o Open Finance deve estar atento não apenas à integração técnica via APIs padronizadas, mas também às boas práticas de segurança – como uso de certificados digitais, autenticação forte e logs de auditoria – e ao uso de ambientes sandbox.

Sobre os ambientes sandbox, antes de publicar uma integração em produção, as instituições devem testar fluxos de autenticação, concessão e revogação de consentimento em ambientes simulados. Essa prática permite validar jornadas de clientes, detectar falhas e ajustar a integração sem expor dados reais.

Além disso, na tabela a seguir apresentamos as boas práticas de segurança para integrações no Open Finance:

Como o Open Finance aumenta a competitividade no setor financeiro

O Open Finance cria um ambiente financeiro mais competitivo. Como os clientes passam a ser donos das suas informações e decidem o que fazer com elas, os dados passam a estar disponíveis para diferentes players. Com isso, o Sistema Financeiro Aberto:

  • Estimula a inovação, permitindo o surgimento de fintechs e novas soluções financeiras;
  • Amplia o leque de produtos e serviços disponíveis, proporcionando mais opções e flexibilidade.
  • Torna o mercado mais competitivo e transparente, oferecendo melhores condições para consumidores e empresas;
  • Aumenta a concorrência entre as instituições.

Open Finance vale a pena? Fatores para considerar antes de aderir

Sim, aderir ao Open Finance vale a pena. O único fator a se considerar é com relação à responsabilidade dos dados. Para empresas, isso exige infraestrutura tecnológica, certificações obrigatórias e conformidade regulatória, o que pode representar um desafio, especialmente para players de menor porte.

Já para as pessoas físicas, elas devem estar atentas ao consentimento dado: quais dados estão sendo compartilhados, com quais instituições e por quanto tempo. Ter clareza nesse processo é fundamental para manter a segurança e garantir que os dados sejam usados em benefício próprio.

Boas práticas de segurança no uso do Open Finance

O open finance é protegido pelo Banco Central, que supervisiona todo o processo. Além disso, o cliente é quem decide se quer compartilhar os dados e quais dados deseja tornar acessíveis.

Mas não acaba aí. Não é qualquer instituição financeira que pode participar do Open Finance, pois é preciso ter uma autorização do Bacen. Isso significa que as instituições participantes precisam cumprir uma série de regras, inclusive cibernéticas, para garantir a proteção do cliente.

Sobre o processo, no próprio site do Banco Central está esclarecido que:

Todo o processo ocorre num ambiente com diversas camadas de segurança, com autenticação do consumidor e das instituições participantes.

Apesar de toda a segurança proporcionada pelo ambiente do Open Finance, empresas devem garantir que os dados de seus clientes estejam protegidos conforme a LGPD, adotando medidas de governança, monitoramento e controle para proteger as informações de seus clientes.

Na prática, isso significa implementar criptografia, autenticação multifatorial, gestão de consentimento e monitoramento contínuo de acessos.

Desafios na implementação e adesão ao Open Finance

Com relação aos desafios, dê uma olhada nos principais que destacamos:

  • Complexidade técnica: necessidade de integração de sistemas legados com APIs padronizadas. Além disso, poderá ser preciso realizar investimentos em infraestrutura.
  • Segurança da informação: estrutura robusta de prevenção de vazamentos e fraudes digitais e adoção de medidas adicionais além das exigidas pelo Bacen
  • Custos para instituições menores: investimentos elevados em tecnologia e conformidade.
  • Experiência do usuário: alguns procedimentos de consentimento ainda podem ser complexos.

Tendências e futuro do Open Finance no Brasil

O Open Finance no Brasil caminha para oferecer cada vez mais fluidez, eficiência e mobilidade nos serviços financeiros, colocando o cliente ainda mais no centro da experiência.

Em comunicado oficial, o Banco Central destacou que o ecossistema deve avançar em frentes como portabilidade de crédito, salário e investimentos, além do desenvolvimento de marketplaces de crédito – iniciativas que tornam a jornada financeira mais simples e integrada.

Segundo o Bacen, “espera-se também uma melhoria do nível de performance das instituições e, para isso, é importante ressaltar o papel do monitoramento do ecossistema, tanto pela Estrutura de Governança quanto pelo Banco Central”.

Ainda de acordo com a autoridade monetária, o Open Finance deve caminhar para uma integração cada vez maior com outras soluções do BC, como já acontece com o Pix, além de se conectar a novas tecnologias emergentes, como inteligência artificial e tokenização.

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O Open Finance amplia as vantagens já trazidas pelo Open Banking, possibilitando autonomia para os clientes decidirem com quem querem compartilhar seus dados e como querem usá-los em suas rotinas financeiras – não apenas com bancos, mas também com outras empresas.

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