Blockchain não é um termo novo. Inclusive, muito provavelmente você já tenha ouvido falar na tecnologia, que hoje está presente em diversos setores. Do financeiro, passando pela saúde e diversos aspectos dos negócios, podemos encontrá-la até mesmo na nossa vida pessoal.
Um exemplo de uso vem da Nestlé, membro fundador da IBM Food Trust, solução SaaS que fornece aos usuários acesso imediato a dados acionáveis da cadeia de suprimentos de alimentos. A plataforma, baseada em blockchain, permite monitorar a origem, o movimento e o status de produtos alimentícios com total transparência.
Mas e como sua empresa pode se beneficiar da blockchain? Quais são suas aplicações práticas? A seguir, explicamos tudo para você.
O que é blockchain e para que serve
Blockchain é uma tecnologia que permite registrar, distribuir e sincronizar dados entre diferentes partes, sem depender de uma autoridade central.
Tudo começou com o Bitcoin, a primeira e mais conhecida criptomoeda do mundo. No caso das moedas digitais, a blockchain funciona como um livro contábil público e descentralizado, que registra cada transação feita na rede. Ou seja, todas as operações são verificadas coletivamente pelos próprios participantes, em vez de passarem por um banco ou outra instituição intermediária.
Mas, se você pensa que o potencial da blockchain se encerra no mercado financeiro, continue a leitura para descobrir como essa tecnologia vem transformando diversos setores da economia.
Blockchain como funciona na prática
Traduzida literalmente, a palavra blockchain significa “cadeia de blocos”. Essa tradução ajuda a entender como a tecnologia funciona.
Imagine que o seu time compartilhe um “documento mágico”. Ele é “mágico” porque, cada vez que uma atualização é feita, todos recebem a nova versão instantaneamente, sem apagar o histórico. Cada nova modificação é registrada em uma nova página, conectada à anterior, formando uma sequência transparente e inviolável.
A blockchain segue a mesma lógica: cada transação é registrada em um bloco criptografado, que, depois de validado, é ligado ao bloco anterior, formando uma cadeia contínua de registros. Isso garante segurança, rastreabilidade e integridade dos dados, já que qualquer tentativa de alteração indevida é detectada imediatamente.
Além disso, dificulta o trabalho dos hackers, pois cada bloco adicionado tem sua própria assinatura digital. Assim, para alterar um bloco, seria necessário modificar corretamente todos os blocos anteriores da cadeia.
Vale ainda destacar que os especialistas chamam a blockchain de uma tecnologia de registro distribuído. Do termo “distributed ledger” em inglês, trata-se de um modelo em que todos os participantes têm acesso às mesmas informações, atualizadas em tempo real e protegidas por criptografia.
Entendendo o conceito de mineração
Para criar uma blockchain, é preciso de um computador (ou vários deles) conectado à rede e preparado para realizar cálculos complexos. Esses computadores, conhecidos como mineradores, são responsáveis por validar as transações e adicionar novos blocos à cadeia.
Na prática, sempre que uma transação é feita, a cadeia (chain) precisa ser verificada para garantir que é legítima. Para essa verificação, os mineradores competem entre si para resolver um problema matemático extremamente difícil, e que exige grande capacidade de processamento.
O primeiro a encontrar a solução “vence” a rodada, valida o bloco e o adiciona ao blockchain. Em troca, essa pessoa recebe uma recompensa em forma de criptomoeda.
Principais vantagens e desvantagens da tecnologia blockchain
Tudo o que foi explicado até aqui faz do blockchain uma das tecnologias mais promissoras da atualidade. Além de permitir transações diretas (peer-to-peer), reduz custos e aumenta a confiança entre as partes envolvidas.
Outra vantagem é o fato de eliminar intermediários. Por ser descentralizado, na blockchain não existe um servidor único ou uma autoridade controladora, o que reduz riscos de falhas sistêmicas e amplia a resiliência da rede. Isso torna a tecnologia especialmente atraente para setores que lidam com grandes volumes de dados e precisam garantir integridade e rastreabilidade, como é o caso do financeiro, logística e saúde.
Por outro lado, a tecnologia requer um alto consumo de energia. Para o processo de mineração, é necessário que diversos computadores ao redor do mundo resolvam cálculos criptográficos complexos, o que eleva os custos e o impacto ambiental.
É justamente por essa razão que países como a Islândia, que contam com abundância de energia geotérmica limpa, tornaram-se polos de mineração de criptomoedas.
Como criar uma blockchain: aspectos técnicos e desafios
A criação de uma blockchain envolve aspectos técnicos e desafios. Na tabela abaixo, você pode entender quais são eles:

Aplicações da blockchain em diferentes setores
A aplicação da blockchain vai muito além das criptomoedas. Um exemplo bem conhecido é na criação dos contratos inteligentes (conhecidos pelo termo em inglês smart contract).
São contratos programados em linguagem computacional e executados automaticamente quando determinadas condições são atendidas. Por exemplo, imagine um contrato de pagamento a fornecedores.
As condições são definidas previamente no código: assim que o serviço é executado – ou o produto é entregue – e confirmado pelo sistema, o pagamento é liberado automaticamente, sem a necessidade de intervenção humana ou de uma instituição intermediária. Tudo ocorre de forma transparente e registrada na blockchain, reduzindo riscos de erro, atrasos e fraudes.
Os contratos inteligentes são também utilizados para automatizar pagamentos, liberar créditos e gerenciar garantias de forma transparente.
No Brasil, o Observatório Nacional de Blockchain compartilha alguns casos de uso da tecnologia. Abaixo, confira alguns exemplos:
- Rastreabilidade de vinhos: o projeto utiliza a blockchain para garantir a autenticidade e a origem dos produtos desde o vinhedo até o consumidor final. Cada garrafa recebe um identificador único, e todas as etapas – colheita, produção, envase, transporte e venda – são registradas na blockchain. Os dados ficam disponíveis por meio de um QR code, permitindo que o comprador verifique a procedência e a qualidade do vinho. A iniciativa reduz fraudes, combate falsificações e fortalece a confiança entre produtores, distribuidores e consumidores.
- Pagamento internacional entre empresas: a tecnologia blockchain permite que transações ocorram de forma direta, sem a necessidade de bancos intermediários. Cada operação é registrada na blockchain, assegurando transparência, rastreabilidade e segurança em tempo real. Além disso, a automatização via contratos inteligentes simplifica processos de câmbio e conformidade, tornando o comércio exterior mais ágil e confiável.
- Connect (Integração aduaneira entre países do Mercosul): rede blockchain desenvolvida pelo Serpro, em parceria com a Receita Federal do Brasil, para conectar e integrar as aduanas dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). A tecnologia permite a troca segura e automatizada de informações aduaneiras, garantindo rastreabilidade e autenticidade dos dados em tempo real.
Blockchain e inovação: como aumenta a transparência e a segurança dos dados
A segurança da informação é um tema cada vez mais em pauta, e que representa muitos desafios. Nesse sentido, a blockchain contribui para trazer mais transparência e confiabilidade.
Como explicado, todos os registros feitos na rede ficam disponíveis para consulta pelos participantes autorizados. Além disso, uma vez validados, não podem ser alterados ou apagados facilmente.
Destacamos ainda que a tecnologia blockchain gira em torno de 3 conceitos: criptografia, descentralização e consenso coletivo. As informações armazenadas são criptografadas e armazenadas em diferentes computadores da rede (chamados de nós). Para validar cada bloco, eles precisam concordar entre si, o que praticamente elimina a possibilidade de fraudes ou manipulação de dados.
Blockchain vale a pena? Pontos para avaliar antes de investir
Como toda tecnologia, antes de investir é essencial avaliar alguns pontos. São eles:
- Objetivo: o que a blockchain pode resolver? Via de regra, ela faz mais sentido em processos que envolvem múltiplos participantes, necessidade de validação conjunta ou exigência de registros imutáveis. Somado a isso, pergunte-se: seria possível alcançar o mesmo resultado com uma tecnologia mais simples e barata?”
- Custo e infraestrutura: implementar uma rede blockchain requer investimento em tecnologia, integração de sistemas e capacitação de equipes. Qual o retorno mensurável e sustentável no médio prazo? Você tem os recursos financeiros e humanos necessários para adotar e manter essa tecnologia?
- Regulamentação e conformidade: embora o uso corporativo da blockchain esteja avançando, ainda há desafios jurídicos e regulatórios, principalmente em relação à proteção de dados e à governança das informações.
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Boas práticas de segurança no uso da tecnologia blockchain
Nenhuma tecnologia é imune a riscos. Nem mesmo a blockchain, conhecida por sua robustez e segurança. Por isso, adotar boas práticas é uma maneira de garantir um uso responsável e eficiente.
Uma delas é com relação às chaves privadas, as quais funcionam como senhas de acesso aos dados e transações registradas na blockchain. Elas devem ser armazenadas em ambientes seguros, de preferência em carteiras digitais (wallets) protegidas por autenticação multifator.
É também importante definir quem pode visualizar, inserir ou validar informações na rede. Adicionalmente, fique de olho nas brechas de segurança em softwares e na rede utilizada. Sempre que uma vulnerabilidade for identificada, corrija-a imediatamente.
Outra boa prática é o investimento em governança e compliance. Defina regras de uso e garanta a conformidade com legislações como a LGPD.
Desafios na adoção e implementação da blockchain
De acordo com Bernard Marr, consultor estratégico e autor de “Future Skills: The 20 Skills and Competencies Everyone Needs to Succeed in a Digital World“, há cinco grandes desafios na adoção da blockchain:
- Escalabilidade: à medida que a rede cresce e mais usuários e transações são adicionados, a blockchain pode se tornar lenta e ineficiente. Segundo Marr, esse problema exige soluções como canais off-chain, sharding ou camadas auxiliares (Layer 2). Porém, implementar esses mecanismos introduz complexidade técnica adicional.
- Consumo energético e impacto ambiental: a validação de blocos exige grande poder computacional e, consequentemente, elevado consumo de energia. Esse custo ambiental é frequentemente apontado como uma das principais críticas à tecnologia.
- Segurança e vulnerabilidades: Marr destaca que ataques e falhas em contratos inteligentes, bugs no código ou problemas de implementação já ocasionaram perdas significativas. Por isso, é essencial adotar auditorias rigorosas, verificações formais e boas práticas de segurança no desenvolvimento de redes e aplicações.
- Complexidade técnica: a tecnologia exige alto nível de conhecimento técnico de termos como criptografia, consenso distribuído, programação de contratos inteligentes etc. Marr alerta que essa complexidade pode afastar potenciais adotantes ou gerar erros na implementação.
- Interoperabilidade entre redes: há muitas blockchains diferentes, cada uma com seus protocolos e padrões. Como um obstáculo importante, Marr aponta a dificuldade de fazer essas redes “conversarem” entre si. Sem interoperabilidade, os ecossistemas ficam fragmentados, o que limita o fluxo de dados, valor e colaboração entre projetos.
Tendências e futuro da blockchain no Brasil e no mundo
Quando se fala em blockchain, uma das maiores discussões é a preparação para a computação quântica. Não é para menos, pois o quantum computer representa desafio (quebra de criptografia) e oportunidades (novos algoritmos resistentes).
Neste artigo da Deloitte, os autores explicam que as blockchains utilizam funções criptográficas que hoje são praticamente impossíveis de inverter, mas que poderiam ser resolvidas em segundos por computadores quânticos poderosos. A boa notícia é que já estão em desenvolvimento soluções de criptografia pós-quântica, capazes de tornar as redes ainda mais seguras e preparadas para o futuro
Outra tendência é a criação de moedas digitais de bancos centrais. No Brasil, a discussão sobre o DREX (a versão digital do nosso real) é um dos temas centrais para o futuro das finanças no país.
A moeda utiliza uma infraestrutura baseada em tecnologia blockchain para permitir transações seguras, auditáveis e programáveis, com potencial de transformar o sistema financeiro nacional. Segundo o próprio Banco Central, o DREX é construído sobre o Hyperledger Besu, uma rede de código aberto usada em aplicações corporativas, o que reforça o movimento global de integração entre blockchain, finanças digitais e moedas oficiais.
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A blockchain vem moldando a forma como lidamos com dados. De contratos inteligentes a moedas digitais e pagamentos mais transparentes, a tecnologia transforma o modo como empresas e pessoas registram, validam e compartilham informações.
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