Nenhuma empresa está fora do alcance das leis. Independentemente do tamanho, setor ou modelo de negócio, todas precisam seguir normas, regulamentos e padrões específicos que orientam sua atuação. Em outras palavras, todas precisam garantir a conformidade regulatória.
Cumprir exigências pode parecer apenas uma questão burocrática. Mas vai além: trata-se de garantir que a organização opere de forma ética, segura e sustentável. Apesar disso, a conformidade regulatória é muitas vezes vista como um obstáculo ou custo extra.
Como você verá neste conteúdo, na prática, seus benefícios superam os desafios. Ao alinhar processos às exigências legais, a empresa protege colaboradores, clientes e a própria reputação no mercado, evitando abrir brechas para riscos de segurança.
Para garantir que sua empresa esteja no caminho certo, a seguir, descubra o que é conformidade regulatória, sua importância, principais leis brasileiras e como implementar um programa eficaz para proteger e fortalecer seu negócio.
O que é conformidade regulatória e por que ela é essencial
A conformidade regulatória é o conjunto de práticas adotadas por uma empresa para garantir que suas operações estejam de acordo com leis, normas e diretrizes aplicáveis ao seu setor de atuação.
Por exemplo, no setor financeiro e de meios de pagamento, isso inclui:
- Normas do Banco Central do Brasil (Bacen), que regulam operações, gestão de riscos e governança de instituições de pagamento;
- Diretrizes do Conselho Monetário Nacional (CMN);
- Regras de prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo, previstas na Lei nº 9.613/1998.
Na prática, a conformidade ajuda empresas a reforçar a reputação, prevenindo infrações legais, protegendo dados sensíveis, evitando fraudes e assegurando uma atuação ética e transparente.
Além disso, contribui para estruturar processos internos claros, reduzir vulnerabilidades e fortalecer a resiliência da empresa frente aos riscos do mercado.
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Diferença entre conformidade legal e regulatória
Embora os termos sejam muitas vezes usados como sinônimos, conformidade legal e conformidade regulatória têm escopos e aplicações diferentes. Entender essa diferença é essencial para que as empresas consigam estruturar seus processos de forma adequada.
Começando com a conformidade regulatória, ela refere-se ao cumprimento de regras específicas de cada setor, estabelecidas e fiscalizadas por órgãos reguladores. Para exemplificar:
- Empresas de saúde devem seguir normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
- Companhias de energia respondem à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
- Instituições autorizadas que intermediam pagamentos precisam observar regras do Bacen, como as Resoluções nº 80/2021 e 81/2021, que estabelecem requisitos para instituições de pagamento, e a Resolução BCB nº 195/2021, que trata dos arranjos de pagamento, além das normas de prevenção à lavagem de dinheiro.
Já a conformidade legal refere-se ao cumprimento das leis gerais aplicáveis a todas as empresas, independentemente do setor.
Um exemplo relevante é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que determina como qualquer organização deve tratar dados pessoais no Brasil, garantindo direitos dos titulares e impondo sanções em caso de descumprimento. Outras leis gerais incluem normas trabalhistas, tributárias, ambientais e anticorrupção.
Resumindo a diferença entre conformidade legal e regulatória:
- Conformidade legal: leis que valem para todas as empresas (ex.: LGPD, CLT, Lei Anticorrupção).
- Conformidade regulatória: regras específicas de setores determinados, fiscalizadas por órgãos reguladores (ex.: Bacen, ANS, ANEEL).
Conformidade regulatória no trabalho: boas práticas e responsabilidades
Engana-se quem pensa que garantir a conformidade regulatória seja responsabilidade apenas dos departamentos jurídicos e de compliance. Apesar de esses setores liderarem os esforços, o fato é que a conformidade é um compromisso coletivo.
Dito de outra maneira, é algo que deve estar presente em toda a organização. Para isso, algumas práticas são fundamentais, como:
- Mapeamento de riscos: identificar processos críticos e pontos de vulnerabilidade que possam gerar descumprimento de normas. Exemplo: para marketplaces, verificar etapas do fluxo de pagamento, onboarding de vendedores e processos de estorno de pagamento no cartão de crédito. Em fintechs, mapear áreas com maior risco de fraude.
- Políticas internas claras: elaborar códigos de conduta, manuais e fluxos operacionais que refletem as exigências regulatórias do setor. Exemplo: criar uma política detalhada de KYC (Know Your Customer).
- Treinamento contínuo: capacitar colaboradores para que entendam seu papel na prevenção de falhas, fraudes ou infrações. Exemplo: treinamento sobre detecção de transações suspeitas.
- Monitoramento e auditoria: acompanhar indicadores de compliance, revisar processos e corrigir desvios rapidamente. Exemplo: implementar auditorias trimestrais de transações financeiras, revisar logs de acessos a sistemas que armazenam dados sensíveis e monitorar KPIs de segurança e conformidade.
E para apoiar esse monitoramento, ferramentas digitais podem ser grandes aliadas. A solução da Transfeera, por exemplo, disponibiliza o Painel de Infrações (MED), que permite visualizar e gerenciar infrações recebidas via o Mecanismo Especial de Devolução Pix, e acompanhar prazos de contestação.
Ainda sobre o fato de a conformidade regulatória ser um esforço coletivo, vale destacar que cada nível da empresa tem responsabilidades específicas. Aos gestores, cabe garantir que processos estejam alinhados às normas e dar exemplo de conduta ética.
Com relação aos colaboradores, eles devem seguir políticas internas e relatar irregularidades de forma responsável. Já parceiros e fornecedores também devem estar alinhados às diretrizes, pois uma falha externa pode comprometer toda a operação interna.
Conformidade regulatória brasileira para BPO e serviços terceirizados
Caso sua empresa contrate BPOs (Business Process Outsourcing, ou Terceirização de Processos de Negócio), ou quaisquer prestadores de serviços terceirizados, é sua função garantir que eles também estejam em conformidade regulatória. Isso é necessário, porque a responsabilidade pelo cumprimento das normas continua sendo da empresa contratante.
Sobre a conformidade regulatória brasileira para BPO e demais serviços terceirizados, é importante verificar se o contratado está aderente com leis como:
- Prevenção à lavagem de dinheiro e compliance financeiro: BPOs que lidam com processos financeiros ou gestão de pagamentos devem seguir as normas do Banco Central (Resoluções nº 80/2021, 81/2021 e 195/2021) e a Lei nº 9.613/1998, garantindo que todas as transações sejam monitoradas e que qualquer operação suspeita seja reportada.
- Proteção de dados pessoais: prestadores que manipulam informações de clientes devem cumprir com a LGPD, adotando medidas técnicas e administrativas para proteger dados sensíveis. Isso inclui criptografia, controle de acesso e protocolos de descarte seguro de informações.
- Políticas e contratos claros: é fundamental que os contratos com BPOs e terceirizados incluam cláusulas detalhadas sobre compliance regulatório, responsabilidades em caso de descumprimento e mecanismos de auditoria.
Etapas para implementar um programa de conformidade regulatória
Um programa de conformidade regulatória robusto ajuda sua empresa a demonstrar que está ciente de suas obrigações legais. Também é uma maneira de mostrar para o mercado que toma todas as medidas necessárias para cumpri-las. Veja como implementar um:
1 – Identifique o universo regulatório aplicável
Comece entendendo quais normas e regulamentações impactam diretamente seu negócio. Isso envolve considerar:
- Setor de atuação (financeiro, saúde, tecnologia etc.)
- Localização da empresa e países em que atua
- Produtos e serviços oferecidos
- Tipo de cliente e nível de risco das operações
2 – Detalhe os requisitos e responsabilidades
É preciso definir:
- Quem será responsável por cada área de compliance
- Quais processos internos precisam ser adaptados
- Como documentar a conformidade e manter registros atualizados
3 – Avalie o status atual: auditoria interna
Antes de avançar, faça um diagnóstico e verifique:
- Os processos internos estão em conformidade com a regulamentação?
- A equipe conhece e aplica essas normas?
- Há documentação suficiente para comprovar a conformidade?
Essa análise inicial revela riscos ocultos e prioriza ações corretivas.
4 – Estruture políticas e procedimentos claros
Transforme as regras em ações práticas dentro da empresa:
- Crie fluxos operacionais claros e códigos de conduta
- Documente procedimentos de KYC, due diligence e prevenção à fraude
- Estabeleça protocolos para tratamento seguro de dados sensíveis
5 – Treine toda a equipe
Lembre-se de que compliance é uma responsabilidade de todas as áreas. Treinamentos periódicos ajudam os colaboradores a entenderem:
- Como prevenir falhas e fraudes
- Como identificar e reportar irregularidades
- Como aplicar corretamente os procedimentos internos
6 – Monitore e audite constantemente
Algumas ações recomendadas:
- Auditorias trimestrais de transações e processos críticos
- Revisão de logs de sistemas com dados sensíveis
- Monitoramento de KPIs de segurança e conformidade
7 – Acompanhe parceiros e fornecedores
Terceirizados e BPOs também devem estar alinhados às normas regulatórias. Estabeleça cláusulas contratuais claras e realize auditorias periódicas para mitigar riscos externos.
8 – Revise e evolua continuamente
O cenário regulatório muda constantemente. Um programa de compliance eficiente exige:
- Atualização constante sobre leis e normas novas
- Auditorias periódicas para identificar lacunas
- Revisão de políticas e processos internos
- Adoção de novas tecnologias que facilitem controle, rastreabilidade e segurança
Importante: antes de seguir um passo a passo, tenha em mente que a conformidade regulatória somente será um diferencial competitivo se os colaboradores estiverem engajados.
Por isso, certifique-se de que o programa de compliance está integrado à cultura da empresa.
Principais leis e normas que impactam empresas no Brasil
Uma operação ética, segura e transparente. É isso que as empresas operando no Brasil precisam garantir.
As exigências legais variam conforme o setor, porém, há um conjunto de leis e normas que, de forma geral, impactam a maior parte das empresas (especialmente no que diz respeito à proteção de dados, à prevenção de fraudes e à transparência nas operações). Cumpri-las não só ajuda a proteger dados e prevenir fraudes, como também evita penalidades legais e riscos à reputação.
Entre as principais, destacam-se:
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709/2018)
A LGPD estabelece regras para coleta, armazenamento, uso e compartilhamento de dados pessoais. Todas as empresas que tratam informações de clientes, funcionários ou parceiros precisam:
- Obter consentimento claro para uso de dados
- Garantir segurança e confidencialidade das informações
- Implementar políticas internas de privacidade e proteção de dados
As penalidades podem chegar a 2% do faturamento anual da empresa, limitadas a R$ 50 milhões por infração, além de sanções administrativas e danos à reputação.
Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013)
Responsabiliza empresas por atos de corrupção praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira. Reforça a importância de:
- Programas internos de compliance
- Treinamento de funcionários
- Auditorias preventivas
Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/1998)
De acordo com esta lei, as empresas do setor financeiro, marketplaces e fintechs precisam implementar:
- Monitoramento de transações suspeitas
- Procedimentos de “Conheça seu Cliente” (KYC)
- Relatórios periódicos para autoridades competentes
Normas do Banco Central e Conselho Monetário Nacional (CMN)
Para instituições financeiras, bancos e fintechs, as principais normas incluem:
- Circular nº 3.978/2020: define políticas, procedimentos e controles internos voltados à prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo (PLD/FT).
- Regulamento do Pix (Resolução BCB nº 1/2020 e suas alterações): determina diretrizes, regras e controles de segurança para participação e operação no ecossistema Pix.
Essas normas garantem segurança nas transações financeiras e transparência no relacionamento com clientes.
Padrão de Segurança de Dados do Setor de Cartões (PCI DSS)
O PCI DSS é uma norma internacional obrigatória para todas as empresas que armazenam, processam ou transmitem dados de cartões de crédito.
No Brasil, marketplaces, fintechs e adquirentes precisam atender aos requisitos de segurança para reduzir o risco de fraude e proteger dados financeiros dos clientes.
Dentre as principais exigências, destacamos:
- Criptografia de dados sensíveis do cartão durante armazenamento e transmissão
- Controle rigoroso de acesso a informações de pagamento
- Monitoramento e auditoria constante de sistemas e transações
- Testes regulares de vulnerabilidades e implementação de políticas de segurança
Padrões Internacionais de Segurança e Privacidade (ISO 27001 e ISO 27701)
Organizações que lidam com dados sensíveis, como as fintechs, podem se beneficiar da adoção de padrões internacionais de gestão da informação, como:
- ISO 27001: estabelece requisitos para um Sistema de Gestão de Segurança da Informação (SGSI), ajudando a identificar riscos, proteger ativos digitais e garantir a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações.
- ISO 27701: extensão da ISO 27001 focada em privacidade de dados, alinhando processos à proteção de informações pessoais de clientes, funcionários e parceiros.
Erros comuns e como evitá-los
Nos esforços para implementar a conformidade regulatória, existem alguns cuidados a serem tomados. Na sequência, compartilhamos com você os erros comuns e o que fazer para evitar cada um deles.
Erro 1: Subestimar a complexidade regulatória
Quando se trata de compliance, não existe “meio conforme” – a empresa está, ou não, em conformidade com leis e regulamentos.
Subestimar essa complexidade pode levar a falhas graves, como lacunas em processos críticos, riscos de segurança de dados ou até penalidades financeiras pesadas.
Como evitar: realizar mapeamento completo de obrigações legais e regulatórias, incluindo legislação nacional e padrões internacionais, se for o caso. Verifique em quais pontos sua empresa está aderente e o que precisa mudar ou ser colocado em prática para atingir a conformidade regulatória.
Erro 2: Falta de políticas internas claras
Quando a empresa não possui códigos de conduta e manuais de compliance, deixa margem para interpretações equivocadas, falhas na execução de processos e até práticas de risco.
Como é de se imaginar, isso aumenta a chance de descumprimento regulatório, fraudes internas e erros humanos, que podem comprometer tanto a eficiência operacional quanto a reputação da organização.
Como evitar: criar políticas detalhadas de Know Your Customer (KYC), prevenção à lavagem de dinheiro e proteção de dados, e disponibilizá-las a todos os colaboradores.
Erro 3: Monitoramento ineficiente
Compliance é um exercício contínuo. Quando o monitoramento se limita a auditorias esporádicas ou quando a empresa não acompanha indicadores de conformidade, desvios podem passar despercebidos por muito tempo.
Esse cenário aumenta a exposição a riscos financeiros, operacionais e regulatórios, e também compromete a capacidade de resposta diante de irregularidades.
Como evitar: utilizar auditorias periódicas, KPIs de conformidade e ferramentas digitais, como o Painel de Infrações da Transfeera, para acompanhar incidentes, prazos de contestação e padrões de não conformidade.
Erro 4: Não revisar e atualizar políticas regularmente
Não é porque sua empresa está em conformidade hoje que amanhã o cenário será igual. Tenha em mente que leis e regulamentações mudam constantemente (e com a mudança, novos riscos podem surgir).
Ignorar alterações pode deixar o seu negócio vulnerável a multas e sanções.
Como evitar: estabelecer revisões periódicas das políticas de compliance, incorporar alterações regulatórias e alinhar a equipe a novas diretrizes.
Alinhando conformidade regulatória à estratégia de negócios
Um outro erro comum quando se trata de conformidade regulatória é vê-la como uma obrigação apenas.
Embora as empresas realmente precisem, de forma obrigatória, estar de acordo com determinadas leis e regulamentos, quando compliance é alinhada à gestão estratégica, ela deixa de ser um custo e passa a ser uma vantagem competitiva.
Por isso, um programa de compliance eficaz deve começar com a cultura organizacional. A partir do momento que todos entendem a importância da conformidade regulatória, as decisões estratégicas passam a considerar riscos e proteção de dados desde o início, e em todos os níveis hierárquicos.
Adicionalmente, acompanhar KPIs de conformidade permite que a empresa transforme obrigações legais em métricas de desempenho. Isso é importante para identificar problemas e pontos de atenção, monitorar incidentes e agir preventivamente.
Como a Transfeera apoia sua empresa na gestão da conformidade regulatória?
Você entendeu que garantir conformidade regulatória vai muito além de cumprir regras. Tem a ver com proteger dados, evitar fraudes e fortalecer a confiança de clientes e parceiros.
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Em relação ao KYC, processo obrigatório para instituições financeiras, adotamos o processo de Know Your Customer no onboarding de pessoas físicas ou jurídicas, incluindo documentoscopia e background check.
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