Verdade seja dita: como clientes nós queremos praticidade, segurança e menos burocracia. Isso é um dos motivos pelos quais o Pix foi tão bem recebido pelos brasileiros, afinal, ele trouxe a agilidade que o mercado e o consumidor esperavam há anos.

E é pelo mesmo motivo que o Open Finance também mudou o jogo. Ao permitir que dados circulem com consentimento e segurança, ele abriu caminho para produtos mais integrados, jornadas sem fricção e experiências realmente centradas no usuário.

Adicionalmente, essa nova era fez surgir um novo capítulo: o Open Insurance, que permite que seguradoras, insurtechs, plataformas financeiras e empresas compartilhem dados de forma padronizada.

A seguir, entenda o que é o Open Insurance, seus benefícios e como a infraestrutura de pagamentos da Transfeera ajuda PMs e equipes de produto a gerenciar fluxos financeiros com a mesma fluidez com que os dados circulam (e sem comprometer segurança, compliance ou experiência).

Open Insurance o que é e como funciona o sistema de seguros abertos

Open Insurance – ou Sistema de Seguros Aberto – parte de um princípio simples, mas transformador: permitir que clientes de produtos e serviços de seguros, previdência complementar aberta e capitalização compartilhem seus dados com diferentes empresas autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), sempre mediante consentimento.

Na prática, cria um ecossistema colaborativo em que seguradoras, insurtechs, corretores e provedores de tecnologia podem trocar informações de forma padronizada e segura, em experiências totalmente digitais e automatizadas. O resultado é um mercado mais inovador, competitivo e centrado no cliente.

E para entender bem o que é Open Insurance, note que, diferentemente de sistemas fechados e cheios de burocracia, o Sistema de Seguros Aberto possibilita aos clientes terem mais opções, atendimento mais rápido e ofertas personalizadas.

Por exemplo, imagine que você esteja em busca de uma cotação de seguro de automóvel. Com o seu consentimento, diferentes seguradoras podem acessar seus dados em tempo real e retornar propostas ajustadas ao seu perfil. Tudo isso sem fricções, retrabalho ou burocracia.

Isso é possível porque o Open Insurance é impulsionado por tecnologias como APIs, que permitem que os sistemas se comuniquem entre si com segurança. Ele também segue regras rígidas de privacidade e consentimento, de modo que as informações sejam compartilhadas somente com a permissão do usuário.

Para Product Managers, o foco não está apenas na interface do produto, mas também na arquitetura que garante interoperabilidade e liquidação financeira em tempo real.

Como surgiu o Open Insurance no Brasil e qual o papel da SUSEP

No Brasil, o Open Insurance é uma iniciativa liderada pela Susep, autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável por supervisionar o mercado de seguros, previdência complementar aberta e capitalização no Brasil.

Inspirado no sucesso do Open Banking e do Open Finance, o projeto foi oficializado pela Resolução CNSP nº 415/2021 e pela Circular Susep 635 de 2021.

Sobre o papel da SUSEP, a autarquia garante que as APIs sigam padrões técnicos e protocolos de segurança compatíveis com o Open Finance Brasil, supervisionado pelo Banco Central.

Vale destacar ainda que, as diretrizes do Open Insurance também levam em consideração:

Etapas de implementação e integração com o Open Finance

A implementação do Open Finance aconteceu em três fases, como você pode ver na imagem abaixo, extraída do site da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados):

Entenda com mais detalhes o que aconteceu em cada fase:

  • Fase 1 – Open data (transparência): essa fase iniciou em dezembro de 2021 e exigiu que as seguradoras divulgassem abertamente informações abertas sobre produtos, canais de atendimento e serviços. A etapa teve fim em junho de 2022 e criou a base para comparação e portabilidade de ofertas, além de trazer um contexto de transparência.
  • Fase 2 – Compartilhamento de dados pessoais (consentimento): iniciada em setembro de 2022 e com fim em abril de 2024, essa fase permitiu o compartilhamento de dados de clientes e apólices mediante autorização explícita do usuário.
  • Fase 3 –  Efetivação de serviços (integração financeira): aqui, o Open Insurance se conecta diretamente ao Open Finance, permitindo que clientes acessem serviços como contratação, resgate, portabilidade, entre outros. A terceira e última fase teve início em março de 2023 e foi concluída em novembro de 2024.

Para Product Managers, a fase número 3 é a mais crítica, uma vez que os dados, consentimento e fluxo de dinheiro passam a coexistir na mesma jornada, exigindo uma arquitetura de integração robusta, resiliente e segura.

Open Insurance API: como funciona a integração entre seguradoras, insurtechs e plataformas financeiras

No Open Insurance o compartilhamento de dados entre seguradoras, bancos, insurtechs e outras organizações é possível graças às APIs abertas (Open API, em inglês), que nada mais são do que uma interface de código aberto disponível para outras empresas e desenvolvedores.

É importante destacar que, conforme estabelecido pela Susep, os dados dos consumidores somente poderão ser compartilhados com a permissão deles. Além de terem que dar o consentimento, são os clientes que escolhem com quais instituições e empresas de seguros desejam compartilhar suas informações.

Padrões de comunicação e segurança de dados no Open Insurance

O modelo brasileiro adota os mesmos pilares técnicos do Open Finance, baseados em APIs RESTful, OAuth 2.0, OpenID Connect, mutual TLS e certificação digital. Traduzindo: a troca de informação entre as instituições ocorre em ambientes autenticados, criptografados e rastreáveis, o que previne fraudes e garante a integridade dos dados de ponta a ponta.

E não para aí. O sistema é todo estruturado sobre o conceito de consentimento granular, no qual o cliente define quais dados compartilhar, com quem e para qual finalidade. Esse controle reforça o princípio de que os dados pertencem ao usuário, não às empresas.

Outro elemento essencial é a auditoria contínua das integrações. Cada requisição feita pelas APIs precisa deixar uma trilha de auditoria completa, com logs, tokens e registros de autorização. Esse nível de rastreabilidade cria confiança verificável, um pilar indispensável num ecossistema aberto e digital.

Para PMs e desenvolvedores, em termos de arquitetura isso significa um novo paradigma de construção, pois produtos digitais precisam nascer com segurança e compliance embutidos desde o design.

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Benefícios do Open Insurance para o mercado de seguros brasileiro

Segundo o contexto do Open Insurance, os dados devem circular com segurança e consentimento, em um ecossistema ágil, competitivo e centrado no usuário.

Os ganhos podem ser vistos principalmente em dois pilares: personalização de produtos e transparência nas relações. Entenda:

Personalização de produtos e inovação em seguros digitais

Pelo fato de poderem acessar dados, as empresas conseguem conhecer melhor o perfil e o comportamento de cada cliente. Isso faz surgir um novo portfólio de produtos e serviços sob medida, como seguros personalizados por uso, coberturas flexíveis e prêmios ajustados ao risco real.

Colocando em outros termos, o Open Finance abre espaço para um mercado mais dinâmico, no qual os produtos se moldam à vida das pessoas, e não o contrário. Para PMs, isso significa novas oportunidades de produtos: jornadas mais simples, fluxos automatizados e integrações que eliminam etapas redundantes.

Vale ainda destacar que as aplicações do Open Insurance podem variar, como exemplificado pela Susep:

  • Desenvolvimento de aplicativos que permitem a comparação de seguradoras em um só local e a utilização de dados pessoais para definir os produtos mais compatíveis com o perfil do usuário.
  • Soluções tecnológicas para atender às necessidades dos consumidores como, por exemplo, produtos de  previdência complementar e capitalização.
  • Integração de serviços com varejistas. Por exemplo, lojas virtuais podem oferecer um seguro de garantia estendida para produtos eletrônicos com parte da jornada de compra.

Maior transparência e portabilidade para o consumidor

O consumidor deixa de ser dependente de um único provedor e de processos altamente burocráticos (e que podem levar dias). Com o Open Insurance, os usuários podem migrar, comparar e contratar serviços de forma simples, mantendo o controle total sobre seus dados e suas apólices.

Esse nível de transparência cria um ciclo virtuoso para ambos os lados:

  • Para as empresas, o acesso a dados estruturados e padronizados permite operações mais previsíveis e eficientes, com menos ruído, retrabalho e risco de erro.
  • Para os clientes, quanto mais fácil é mudar, mais as empresas precisam competir pela confiança e pela experiência. O resultado é um mercado que entrega ofertas mais personalizadas, jornadas mais rápidas e relações mais equilibradas.

O futuro do Open Insurance no Brasil

Assim como o Open Finance redefiniu a forma como lidamos com bancos e pagamentos, o Sistema de Seguros Abertos vem mudando a forma como seguradoras, clientes e parceiros tecnológicos se conectam.

A relação que antes era marcada por processos lentos dá lugar a interações mais simples, rápidas e integradas, onde dados e dinheiro circulam com segurança.

Nos próximos anos, o mercado deve se tornar ainda mais conectado. Por isso, além de informações fluírem de maneira segura entre diferentes instituições, novos players devem entrar em cena, criando desde experiências conectadas a múltiplos ecossistemas, como bancos digitais, plataformas de benefícios e até aplicativos de mobilidade e saúde.

Tendências de digitalização e interoperabilidade no setor de seguros

Entre as principais tendências que devem moldar o futuro do Open Insurance no Brasil, algumas já se destacam:

  1. Crescimento das insurtechs e das APIs como infraestrutura: as insurtechs devem ganhar protagonismo ao usar APIs como base para novos produtos, criando ofertas on-demand, seguros embutidos (embedded insurance) e modelos de precificação dinâmica.
  2. Automação e inteligência aplicada a dados abertos: o uso de dados consentidos permitirá a criação de modelos mais inteligentes de análise de risco, precificação e prevenção de fraudes, integrando tecnologias como IA e machine learning.

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