Se você pegar o CNPJ da sua empresa hoje, verá que ele é composto por 14 números, no formato NN.NNN.NNN/NNNN-NN. Agora, imagine que a Receita Federal passará a adotar um CNPJ um pouco diferente, combinando letras e números.

É isso mesmo! Bem-vindo ao novo padrão de CNPJ, o CNPJ Alfanumérico. Para entender o contexto, a Receita Federal do Brasil possui em sua base de dados um pouco mais de 60 milhões de estabelecimentos inscritos. Esse número cresce a cada ano, o que levantou uma questão: o esgotamento do CNPJ no formato atual.

Para resolver o problema, foi pensada em uma solução que causasse menor impacto para todos, ao mesmo tempo que garantisse o desenvolvimento econômico do país. Após diversos estudos, a solução encontrada foi o CNPJ Alfanumérico.

Quer entender melhor essa mudança e saber como ela afeta o seu negócio? A seguir, explicamos tudo para você!

O que é o CNPJ Alfanumérico e por que ele será implementado

O CNPJ Alfanumérico é o formato de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica que inclui letras e números. A mudança responde a uma necessidade prática: o modelo atual, de 14 dígitos numéricos, está se esgotando.

Em outras palavras, o Brasil está ficando sem “números” para registrar novas empresas.

Hoje, o padrão numérico comporta algo próximo de 100 milhões de combinações. Já o novo CNPJ expande essa capacidade para quase 3 trilhões de possibilidades.

Entendendo a proposta do novo CNPJ Alfanumérico da Receita Federal

O padrão alfanumérico foi aprovado pela Receita Federal por meio da Instrução Normativa RFB nº 2.229/2024. O formato conterá o mesmo tamanho de 14 posições, porém, irá conter letras de A a Z e números de 0 a 9.

Na prática, o CNPJ alfanumérico será assim: SS.SSS.SSS / SSSS-NN

CNPJ Alfanumérico 2026: quando entra em vigor e qual o objetivo da mudança

O formato do CNPJ Alfanumérico começará a estar disponível em julho de 2026 e será atribuído exclusivamente para as novas inscrições.

Os objetivos da mudança são:

  • Garantir a continuidade do registro de novas empresas, já que o formato exclusivamente numérico está perto de se esgotar;
  • Ampliar o número de combinações disponíveis, prevenindo qualquer limitação futura;
  • Modernizar o sistema nacional de identificação empresarial, preparando-o para um ambiente mais integrado, digital e escalável.

Diferenças entre o CNPJ atual e o novo CNPJ Alfanumérico

A mudança do CNPJ atual para o alfanumérico está na inserção de letras. Dê uma olhada na imagem:

Portanto, nesse novo formato (SS.SSS.SSS / SSSS-NN), observe que:

  • As primeiras oito posições definem a raiz do número. Elas serão alfanuméricas e poderão ser numerais de 0 a 9 e letras de A a Z.
  • As quatro posições seguintes determinam a ordem do estabelecimento registrado. Também serão alfanuméricas.
  • As duas últimas posições seguirão exclusivamente numéricas. Elas correspondem aos dígitos verificadores. Entenda na sequência:

Como funciona o novo padrão de identificação

Algo importante a entender sobre o CNPJ Alfanumérico, além da combinação de números e letras, é com relação ao dígito verificador (DV).

O cálculo do DV segue o mesmo método utilizado no CNPJ atual: o Módulo 11. O processo funciona em duas etapas: primeiro calcula-se o DV1, depois o DV2.

Cálculo do primeiro Dígito Verificador

Para o cálculo do DV 1, a solução adotada pela Receita Federal e pelo SERPRO foi utilizar a tabela ASCII como base (fonte: Manual de Cálculo do DV do CNPJ):

Como funciona a conversão das letras

As letras serão convertidas de acordo com o valor na tabela ASCII menos 48 (por exemplo: A = 65 → 65 – 48 = 17).

Por exemplo:

A = 65 – 48 = 17

B = 66 – 48 = 18

C = 67 – 48 = 19

Z = 90 – 48 = 42

Ou seja: A vira 17, B vira 18, C vira 19… até Z virar 42.

Depois dessa conversão, todos os 12 caracteres do CNPJ (letras e números) são multiplicados por uma sequência de pesos de 2 a 9, sempre da direita para a esquerda.

Os resultados das multiplicações são somados e divididos por 11*.

A regra para definir o DV1 é simples:

  • Se o resto for 0 ou 1, o DV1 é 0;
  • Se o resto for maior, o DV1 é 11 – resto.

Cálculo do segundo Dígito Verificador

Para calcular o DV2, o processo é repetido, mas consideram-se os 13 caracteres (os 12 originais + o DV1 recém-calculado).

A lógica é exatamente a mesma, com uma diferença: a sequência de pesos muda e começa em 6, seguindo depois o padrão decrescente até 2 e reiniciando em 9, 8, 7…

Ao final, aplica-se a mesma regra do Módulo 11*:

  • Resto 0 ou 1 → DV2 = 0
  • Resto 2 a 10 → DV2 = 11 – resto

*Para mais detalhes sobre o cálculo de Dígito Verificador, acesse a documentação disponível no site da Receita Federal.

Exemplo prático de CNPJ Alfanumérico e como ele será estruturado

Caso você queira ver um exemplo prático do novo CNPJ, a Receita Federal lançou o Simulador Nacional de CNPJ Alfanumérico. A ferramenta é gratuita e apoia profissionais de tecnologia nos processos de desenvolvimento, testes e homologação de sistemas.

Acesse aqui o simulador da Receita Federal.

O CNPJ Alfanumérico afeta empresas, MEIs e órgãos públicos?

Para empresas que já possuem um CNPJ nada muda. O modelo alfanumérico somente passará a ser utilizado para novas inscrições a partir de julho de 2026.

Isso valerá inclusive para aberturas de novas filiais, ou seja, mesmo que a matriz tenha o formato composto apenas por números, uma filial aberta após julho de 2026 já poderá receber o formato alfanumérico.

Contudo, observe que, mesmo que para sua empresa nada mude no CNPJ, você precisará interagir com fornecedores, clientes e parceiros que poderão ter CNPJs com letras.

Resumindo:

  • Quem já tem CNPJ não precisa atualizar o número.
  • Mas todos precisarão estar prontos para lidar com o novo padrão nos sistemas e cadastros.

Como a mudança impacta sistemas, cadastros e integrações fiscais

Embora o formato numérico atual permaneça válido, o novo padrão precisa ser compatível com todas as camadas de software, isto é, desde a interface até os microsserviços e integrações externas.

Em termos práticos, significa que, campos que atualmente aceitam apenas [0–9] deverão ser atualizados para aceitar caracteres alfanuméricos maiúsculos [0–9 A–Z].

O que empresas e contadores precisam saber antes da implementação

Com o CNPJ Alfanumérico, sistemas que usam CNPJ como identificador precisarão aceitar letras. É o caso de:

  • ERPs e softwares de gestão
  • Sistemas de emissão de notas fiscais (NFe, NFCe, NFSe)
  • Módulos fiscais e contábeis
  • Plataformas de pagamentos e meios de cobrança
  • Bancos de dados de clientes e fornecedores
  • APIs de cadastro, validação e integração
  • Ferramentas de onboarding e Know Your Customer (KYC)

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Adaptação de sistemas ERP, softwares fiscais e bancos de dados

O ponto central é: toda empresa que utiliza o CNPJ em seus sistemas precisará garantir que eles reconheçam tanto o formato atual (numérico) quanto o novo formato alfanumérico. Caso isso não aconteça, podem surgir problemas como rejeição de cadastros, falhas na emissão de documentos fiscais, erros de integração e inconsistências nos dados.

Essa revisão vale para qualquer solução que utilize o CNPJ em processos internos ou externos, como ERPs, softwares fiscais, ferramentas de gestão, módulos contábeis, bancos de dados, APIs e plataformas de integração.

Em outras palavras, se o sistema usa CNPJ em alguma etapa, ele precisará estar preparado para o novo padrão.

CNPJ Alfanumérico e o futuro da identificação empresarial no Brasil

Segundo o Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian, foram abertas cerca de 4,3 milhões de empresas em 2024, no Brasil, representando um avanço de pouco mais de 12% na comparação com 2023.

Esse dado apenas comprova o que diz a Receita Federal: o modelo antigo de CNPJ não dá mais conta do ritmo de crescimento de novas empresas. Assim, com o formato alfanumérico, cria-se uma base sólida para suportar novos negócios.

Vale destacar que a transição foi projetada para ser suave. Um exemplo disso é o cálculo do Dígito Verificador, o qual continua utilizando o Módulo 11. Isso evita rupturas nos sistemas e facilita a adaptação em ERPs, emissores fiscais, bancos de dados e APIs.

Em resumo, o CNPJ Alfanumérico representa a construção de um ambiente empresarial escalável e alinhado ao crescimento do nosso país nos próximos anos.

Benefícios esperados: segurança, padronização e integração digital

O CNPJ alfanumérico suportará a abertura de empresas por muitos anos. Como comentado, ele oferece uma capacidade de identificação muito maior: em vez de cerca de 100 milhões de combinações possíveis no formato numérico atual, o novo formato suporta quase 3 trilhões de combinações alfanuméricas.

Ou seja, é um modelo pensado para a longevidade e para acompanhar o ritmo acelerado de digitalização no Brasil. Além disso, com a convivência entre os dois formatos, sistemas públicos e privados podem evoluir sem ruptura.

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